Governo de SP tenta destravar obra na Escola Carlos Gomes, em Campinas, embargada há 3 meses por erro em execução
07/12/2025
(Foto: Reprodução) Escola Carlos Gomes: governo de SP tenta destravar obra embargada por erro de execução
Três meses após o embargo da obra de cobertura da quadra da Escola Estadual Carlos Gomes, em Campinas (SP), a Secretaria da Educação do Estado de São Paulo (Seduc-SP) tenta retomar o processo e reverter o impasse que envolve um dos prédios tombados mais tradicionais da cidade.
Iniciada em março de 2024 e avaliada em R$ 1,4 milhão, a obra foi suspensa no dia 29 de agosto deste ano por execução irregular após uma notificação da Coordenadoria Departamental do Patrimônio Cultural (CDPC).
Isso porque, segundo o engenheiro da CDPC, o projeto original da quadra esportiva, aprovado em 2011, não foi respeitado na execução da obra. O órgão apontou que:
a estrutura foi construída perpendicularmente à fachada lateral, em vez de paralelamente;
a nova quadra foi posicionada a 5,9 metros do edifício principal, quando o projeto previa um afastamento de 16,3 metros, resultando em uma construção muito próxima ao edifício escolar.
Ao g1, a Seduc-SP informou que a Fundação para o Desenvolvimento da Educação (FDE), responsável pela execução da obra, elaborou um novo projeto revisado e encaminhou ao Conselho de Defesa do Patrimônio Cultural de Campinas (Condepacc) em setembro.
Além disso, a pasta disse que está em tratativas com o Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico do Estado de São Paulo (Condephaat) para obter parecer que permita solicitar a reavaliação do caso pelo conselho municipal.
Enquanto o impasse não for resolvido, não há previsão de retomada da construção. O prazo inicial de entrega era para o fim de novembro de 2024.
Obra de cobertura na quadra da Escola Estadual Carlos Gomes, em Campinas
Arquivo pessoal
Proposta rejeitada
Em outubro deste ano, o Condepacc se reuniu para analisar a proposta atualizada enviada pela FDE na tentativa de adequar a cobertura às exigências de preservação.
No novo desenho, a fundação propôs eliminação dos fechamentos laterais de 9,81 metros, permanecendo somente 1,50 metro de alvenaria nas extremidades com o objetivo de melhorar a visualização da fachada do edifício histórico.
O documento, no entanto, foi rejeitado com 11 votos contrários e oito favoráveis.
'Só está ocupando espaço'
Na última sexta-feira (5), a reportagem esteve em frente à Escola Estadual Carlos Gomes e questionou moradores sobre a obra embargada. Para o arquiteto Humberto de Paiva Silva Júnior, a paralisação reflete uma “má administração” dos recursos.
“Precisa ter um controle melhor dos cronogramas. A gente vê que está faltando planejamento, um cronograma melhor definido, então a população fica sem saber para onde o dinheiro está sendo investido. A gente vê que está parado, só está ocupando espaço. As pessoas não podem usufruir do espaço e fica sem terminar", disse.
A técnica de enfermagem Maria Aparecida Fiorati também criticou a situação da construção. “É um absurdo isso aí. Tudo começa, nada termina”, afirmou.
"Não dá. Eu quase nem venho desse lado, mas da última vez que vim aqui para hoje, achei uma diferença muito grande. Assim, totalmente fora do padrão de uma escola", analisou a técnica de enfermagem.
Prédio de 120 anos
A escola foi inaugurada em 13 de maio de 1903 como a primeira Escola Complementar de Campinas, destinada à formação de professores primários e localizada na esquina das ruas 13 de Maio e Francisco Glicério.
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Em 1924, foi transferida para o prédio atual, seguindo o modelo das escolas estaduais da época. O nome “Carlos Gomes” foi adotado apenas em 1936, no centenário do compositor campineiro.
Hoje, a instituição funciona nos três períodos, com 23 salas pela manhã, 17 à tarde e 10 à noite, reunindo alunos de Campinas e de cidades vizinhas.
Fachada da Escola Estadual Carlos Gomes
Marcelo Gaudio/g1
*Estagiária sob supervisão de Gabriella Ramos.
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